(Texto escrito às 5.22 da madrugada, num bloco que tinha à mão de semear; demasiada preguiça para ir directamente para o computador...)
Detesto quando isto acontece. Felizmente não é muito usual, mas de vez em quando lá me assombra o papão da insónia. Depois da sagrada ida à casa de banho, dei por mim às voltas na cama com dificuldades em adormecer. (ups, a Laura está acordadíssima!) Nestas ocasiões, começo a pensar em mil e uma coisas ao mesmo tempo. O cérebro fica tão activo que não consigo "desligar". Testes para corrigir, ida ao hospital dia 5, Laura, IKEA no sábado, relatórios para fazer, Laura, aqueles critérios de correcção do Grupo III não estão bem, não esquecer de falar com a Fernanda, Laura, visitar a sobrinha amanhã, Laura... Caramba! É extenuante! Ao meu lado, um corpo mexe-se e ameaça acordar. Vá lá, ainda não foi desta. (Laura, dorme querida!)
Depois, há aquelas técnicas ancestrais que experimentamos em desespero de causa. São verdadeiros mitos urbanos - contar carneirinhos e imaginar cancelas branquinhas ornamentadas com florinhas coloridas? Por favor!!! Fechar os olhos com força e cansá-los de maneira a fecharem-se definitivamente? Tenham dó!!!! Nem experimento ler; sei que ficaria ainda mais desperta.
A minha Laura não ajuda. Que festança é esta a estas horas, menina?! Mexe e volta a mexer, não sossega. (5.40). Penso tanto nela... Definitivamente, está a tornar-se (já é) o centro do meu universo, onde tudo tem origem e para onde tudo caminha. E nem sequer nasceu ainda...
Pronto, já acordou. Abriu um olho e depois o outro. Balbuciou qualquer coisa. Desculpa lá a luz. Sim, estou bem. Certo, é só acabar aqui uma coisa. Beijo rápido e virou-se para o outro lado. (5.40)
Já vi que escrever prolonga mais a insónia. Finalmente, a Laura acalmou. Vou aproveitar para mais uma tentativa.
Vamos dormir, bebé?
:o)))
36 anos! Tantos!
Fi-los ontem, 26 de Maio. Foi um aniversário especial, sentido a duas. Daqui a umas semanas já cá andará, a minha princesa...
Por mais que procure, não encontro vestígios dos 36 anos em mim. Por mais que me analise e observe ao espelho (e apesar da proeminência da figura e tal...), nada! Quem tem 36 anos?! Eu não! Na verdade, nem sei bem como é suposto nós nos sentirmos aos 36 anos. E cheguei cá tão depressa...! Isso é que é assustador, a forma como o tempo nos ilude e açambarca sem que disso nos apercebamos. Cada vez mais o valorizo.
Veio-me agora à memória o fantástico filme Clube dos Poetas Mortos que me marcou profundamente a todos os níveis. Um dos filmes da minha vida, sem dúvida.
Fui para os bosques para viver livremente,
para sugar o tutano da vida,
para aniquilar tudo o que não era vida,
e para, quando morrer, não descobrir que não vivi.
Thoreau
É isso. Viver intensamente cada momento, levar daqui tudo aquilo a que temos direito. Os maus momentos fazem parte. Que consigamos encontrar neles a lição que nos tornará mais fortes. Que consigamos "tocar "os outros e que nos deixemos "tocar" por eles.
Carpe Diem
:o)))
35 semanas e 1 dia.
Hoje fomos tirar mais um retrato. E que fotogénica ela é (nada a ver com a mãe!).
É sempre aquela emoção vê-la na ecografia. É a constatação do facto. Definitivamente ela existe, está ali com tudo no sítio, com o desenvolvimento que se pretende. O meu coração sossega quando ouço dizer que está tudo bem. Toda eu sou alívio, mas um alívio que nunca senti antes por coisa nenhuma, como se tudo dependesse das palavras do médico, como se a minha vida e a minha existência ficassem suspensas nelas.
Imagino que agora será sempre assim. Muitas aflições se aproximam, muitos sustos, muitos medos e receios... e outros tantos alívios e alegrias. Nada vai ser como antes, tudo ganhará outra dimensão. Calculo que passarei a relativizar muito mais as coisas, a desvalorizar algumas a que dava importância e a olhar com outros olhos para outras que me passavam ao lado.
Vai ser um tumulto de emoções e de descobertas... mal posso esperar!
:o))))
Estava a ouvir Mind da Gap e decidi que este seria o título deste post. Sou sincera, não me ocorre grande coisa. Poderia divagar sobre os jovens de hoje em dia, a forma como se expressam e se entendem entre eles através de uma espécie de dialecto muito privado, muito restrito. Poderia tentar fazer um retrato da nossa juventude, mais esbatido aqui, mais concreto ali; tenho a experiência no terreno para ter alguma credibilidade na análise. Poderia ainda escrever sobre o conceito de curtir e tentar abordar, do ponto de vista da Língua Portuguesa, expressões como ´tá-se bem, ´tás a ver ou o famoso tipo que agora insiste em ser utilizado de duas em duas palavras... tipo, ´tás a ver?
O que fazer com este título? Fica a sugestão meninas dos blog´s amigos. Sugiro um post que parta dele ...vamos ver quem se chega à frente.
A Laura está a pontapear-me. Em código morse dos bebés está a dizer ...não liguem, a minha cota não bate bem das teclas, tipo, é meia xoné e tal...
´Tá-se bem... :o)))))))
Hoje acordei a sentir-te. Um tumulto, uma animação... mil sorrisos, logo de manhã cedinho. E que bom é começar assim mais um dia! Há motivação maior?! Não me parece; cada dia é menos um dia de espera, cada toque a certeza que estás bem... Alive and kicking, parafraseando os velhinhos Simple Mind.
Neste momento estás a acompanhar-me; dir-se-ia que o meu movimento nas teclas é acompanhado pelo teu movimento de braços e pernas. Uma espécie de dança? Sim, eu sei que ouves, és sensível a vozes e a sons... por que não a teclas? Mexes e mexes e tornas a mexer. Eu sorrio e volto a sorrir. Coloco a minha mão e sinto o teu movimento, adivinho as tuas posições, acaricio-te com o olhar de quem não vê, mas adivinha.
Já falta pouco, mas tanto ao mesmo tempo Laura...
:o)))
Não, diria há alguns meses! Cor-de-rosa?! Nunca!
Não me rendi, mas bem... cor-de-rosa aqui e ali, pontualmente, por que não? Até em mim o cor-de-rosa é agora admissível (envergo cor-de-rosa neste preciso momento e nem acredito...). Vítima das circunstâncias? Acho que sim. A ideia estereotipada da menina ser cor-de-rosa e o menino azul? Pois, é inevitável. Observemos a roupa e acessórios. Eu fujo do rosa, juro, mas não tenho grandes alternativas; impõe-se o raio da cor! (rsrsrsrsrsrsrsrsrsr) Apesar da repulsa inicial (que não é de agora...), apesar da aversão quase visceral... cor-de-rosa. Seja. Salpicos de rosa, aqui e ali, pronto.
Agora, não me venham com lacinhos e laçarotes, fitinhas e rendinhas. A isso digo (e não cederei!)... NUNCA!
(ai Laura, nem sabes no que te vens meter...)
:o))))
... e não é que têm razão? Definitivamente, é um estado de graça. Já lá vão 34 semanas de pura levitação. Eu não ando, pairo... É estranhamente deliciosa esta sensação de leveza quando o espelho nos devolve uma imagem de tanta... enfim... proeminência! É isso, leveza. Lembrei-me, de repente, da cena inicial do Forrest Gump ... Estão a ver a pena branca? Sou eu... O que move a pena? Um remoinho de emoções à flor da pele, um tumulto doce que nos esgota, mas alimenta.
Difícil traduzir em palavras, mas eu sei e a Laura sabe... :o))
Somos duas, mas ainda não nos olhámos nos olhos... Somos duas, mas ainda não sabemos os cheiros, os toques... Somos duas, mas desconhecemos as cores e as formas...
Sendo duas, somos uma emoção só... grande... imensa... como um grito que condensa o mundo... como sorrisos que se recusam a deixar o rosto, mesmo quando não estão lá...
Sabes que sinto quando sorris?! Sinto o teu sorriso na forma como me tocas por dentro, como espetas um pé aqui e uma mão ali... Sinto-o nos teus soluços, nas batidas do teu coração... e sinto que sentes quando eu sorrio...
Somos duas e, não sabendo muito, já adivinhamos tanto...