Conversa no carro, num destes dias.
- Mamã, os carros compram-se, custam dinheiro?
- Claro que sim, Laura, aliás, tudo aquilo que tu vês e usas custa dinheiro, desde as casas, à mobília, aos livros, à roupa, aos alimentos... TUDO! (blá, blá, blá, nesta linha de raciocínio)
- Percebo, TUDO custa dinheiro e os crescidos têm de trabalhar para poder comprar as coisas.
- Isso mesmo. Percebeste?
- Percebi, mamã
(Silêncio, quase consegui ouvir as ideias dela a borbulhar dentro daquela cabeça!)
- Mamã, se TUDO se compra... as árvores compram-se?
- Na natureza, Laura, há árvores que nasceram sozinhas e que ninguém plantou, mas há outras, aquelas que dão a fruta, que se plantam. Para ter essas temos de comprar uma sementinha e plantar na terra.
- E as pessoas, mamã, também se compram?
(Ups, aqui fiquei um cadinho aflita e estive tentada a explicar-lhe uma ou outra coisa relativamente ao dinheiro, à corrupção, aos interesses que unem as pessoas e as fazem, quantas vezes, esquecer valores e crenças pessoais, ao negócio do tráfego humano que existe até na Europa, à exploração do trabalho infantil, enfim... mas respirei fundo e pensei para mim - Ela é muito à frente, mas só tem 4 anos... Hellllooooo!!!)
- Laura, as pessoas trabalham para ter dinheiro para comprar coisas, mas não podes usar esse dinheiro para comprar pessoas...
- Ah, percebi tudo mamã!
(Ufa...esta miúda dá-me a volta ao discurso... e às ideias!)
:o)