Hoje assisti à minha primeira reunião enquanto Encarregada de Educação. Finalmente, a sensação de estar do outro lado, depois de tantos anos a conviver com Encarregados de Educação, mas na condição de professora...
Primeira reunião na escolinha da Laura. Apresentação do Projecto Educativo para os próximos dois anos - temáticas a desenvolver, actividades a implementar, metas a alcançar, datas a serem festejadas, festas em perspectiva, orgânica da instituição em termos de funcionamento, descrição do ritual diário, progressos de cada um, autorizações para isto e aquilo, esclarecimentos relativos a aquilo e isto... e uma sensação de responsabilidade enorme em cima dos meus ombros. Sou Encarregada de Educação!! Tenho sob a minha responsabilidade a educação de uma criança que foi gerada por mim com todo o amor, é certo, mas que é tanto minha quanto do mundo - ou, pelo menos, assim será um dia. Sou a defensora oficial dos seus interesses, a zeladora do seu bem-estar, a protectora dos seus direitos enquanto criança... Sabem que ali, de repente, momentaneamente, "acusei" este peso?! Dei por mim a pensar se estaria capacitada para assumir este compromisso tão importante e fundamental.
Enquanto professora já questionei algumas vezes o desempenho de Encarregados de Educação. Há sempre situações extremas, peculiares, com contornos mais dramáticos que nos levam a pensar - Mas que raio de pai/mãe é este/a? E agora vejo-me como possível alvo desse tipo de julgamento... Que sensação estranha!! Eu sei que sempre colocarei a minha filha e os seus interesses em primeiro lugar e tudo o que eu fizer será em nome disso, mas será que essa não é a linha orientadora de todos os Encarregados de Educação, mesmo aqueles cuja conduta pode ser alvo de critica?! Será possível a pessoa errar pensando que está a fazer o melhor? E aqueles que, tendo plena consciência disso, procedem mal mesmo assim? Caramba, trata-se de crianças, nem devia estar a colocar estas hipóteses... Mundo tramado este que lego à minha Laura!
Pois é... Ela é pão, ela é fruta - inteira e à "mãozada" -, ela é arroz, massa e batata, ela é peixe e carne, ela é yogurt´s, ela é sopa - aquilo a que engelha mais o nariz, mas que marcha na mesma... -, ela é bolacha, ela é pão-de-ló, ela é leite... Xiçaaaaaa que a senhora Dona Laura é um saco sem fundo!!! Não sei se é uma fase, mas come que se desunha!!
É uma graça... Parece que no infantário está sempre muito atenta ao prato de todos e a tudo o que cada um está a comer. De vez em quando, sai dos seus cuidados para, de forma descarada e convicta, pedir o que lhe agrada seja aos meninos mais velhos que têm outra ementa, seja à educadora/auxiliar que está, pacatamente, a comer a sua refeição, isto depois de comer o que lhe está destinado. Na salinha, quando são horas, faz literalmente um ataque ao pacote das bolachas e parece que uma nunca chega... Cá em casa nem pede muito, que não lhe damos grande hipótese, mas na casa da avó... xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... A lata das bolachas já mudou de sítio e agora a missão é mantê-la afastada da cozinha. Há horas em que o dedinho dela é um autêntico radar a pedir papa. Esta minha Laura!!! Ainda bem que se mexe imenso. Na verdade não pára quieta e isso faz com que o que come não "acumule", enfim..
Eu bem sei onde isto tudo começou, minha querida Nanda - sim, é para ti que estou a escrever!!! Isto de, no Verão, comprar um gelado e trazer uma colher para dar à Laura um bocadinho foi no que deu! A culpa é tua! Sua.. sua... amiga querida da Sandra e da Laura!!! (Gostamos muito de ti, já te tinha escrito isso alguma vez?!)
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Pois, como eu não percebo nada destas coisas de selos e afins, fica a informação... Este cantinho à beira da net plantado está a participar na eleição do Melhor Babyblog 2008 promovido pelo Clube Mammy , no qual tenho a honra de participar. A votação ocorre lá. E pronto(s)...
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Querido paizinho
Sabes o quanto gosto de ti? Não?! Então eu vou dizer-te!
Gosto de ti desde aqui até Urano - onde é que já ouvi uma variação disto?! - que é o planeta mais distante da Terra dentro do nosso sistema solar...
Gosto muito mais de ti do que de todas as bolachas Maria do mundo - e sabes bem como as adoro...
Gosto tanto, tanto, tanto de ti que quando te vejo só me apetece enrocar-me nos teus braços, apertar-te muito e deixar-te quase sem respirar...
Gosto de ti tanto quanto a formiguinha gosta de açucar, a abelhinha gosta da flor, o peixinho gosta de água...
Sou tão feliz quando estou contigo! Brincamos muito, dás-me de comer e o banhinho, levas-me a passear e a ver o béu-béu, fazes-me muitas cócegas e rebolamos tantas vezes na cama ou no tapete da sala... Estes momentos valem ouro. Tenho é pena de não os poder recordar mais tarde - já sei que normalmente só nos lembramos das coisas a partir de uma certa idade -, mas aposto que o meu coração vai sorrir sempre com a tua presença e lembrança, por mais anos que tenha...
Sinto-me uma menina tão amada! Gosto tanto de olhar para ti e ver os teus olhos brilharem e sorrirem quando encontram os meus... Revejo-me neles, espelham todo o amor que me tens...
Hoje és pequenino e este é um dos meus presentes para ti. Quanto gosto de ti, papá?! Não há letras que cheguem... nem palavras... só gestos, por enquanto, que sou pequenina...
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Pois foi, no sábado, dia 8 de Novembro, lá desci a avenida ao lado do papá, da mamã, da madrinha, do tio Zé e de mais uma centena de milhar de professores! Tanta genteeeeeeee! Vou-vos contar tudo, que a mamã está ali entretida a fazer não sei bem o quê. (É impressão minha ou as mamãs estão sempre a fazer qualquer coisa?? Mãe-professora então... xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!)
Chegámos ao Terreiro do Paço por voltas das 15 horas, depois da minha primeira viagem de metro. O carro ficou na zona das Picoas, para facilitar o regresso. Claro, primeiro a fila para comprar bilhetes, que afinal muitos tiveram a mesma ideia que nós. Depois o encontro com a Mimi e o Zé, na plataforma do metro, e quem encontramos?? O excelentíssimo deputado Francisco Lousã, em posse de quem espera por alguém. A Mimi esteve-não-esteve para o cumprimentar, mas não se decidiu, ao contrário de outros populares que o fizeram bem ali à nossa frente. Quando chegou o metro entrámos numa carruagem que já vinha um pouco/muito apinhada e eu... assustei-me e choraminguei. Era muita gente!!! Fui ao colo do papá e o tio Zé levou o meu carrinho, que numa ou noutra ocasião foi um impecilho, mas pronto... Alguém nos cedeu o lugar e eu e o papá fomos sentadinhos e confortáveis. Depressa acalmei e acabei por gostar daquela experiência. Quando se olha pela janela vê-se tudo a andar muito depressa, é um bocado alucinante, não é? Acho que vou gostar de metro quando for maior...
Quando chegámos ao Terreiro do Paço... que desilusão!! Aquelas obras nunca mais acabam?? Que barulheira fazem aquelas máquinas! Bem podiam ter interrompido um pouco os trabalhos durante a manif... Já muita gente por lá estava e o comício já estava ao rubro. Estivemos por ali um pouco e fomos ao encontro dos coleguinhas da madrinha. Entretanto, eu deambulei entre fases de aborrecimento - também, com tanta coisa a acontecer a quererem ter-me no carrinho, não é justo! - e fases de divertimento - o pai lá me arranjou um pau de uma bandeira que fez as minhas delícias.
O pau da bandeira é meu... ninguém mo tira!!!!!!!
O seu a seu dono... assim já estou a gostar mais!
Foi ali que estivemos no aperto, uma seca de mais de uma hora praticamente parados no mesmo sítio, sem conseguirmos entrar sequer na Rua do Ouro para começar a marcha. Que chatice! Lá me foram entretendo com as folhinhas com as letras das músicas feitas a pensar, com todo o amor e carinho, na nossa Sinistra. Ele foi chapéus, ele foi barquinhos, ele foi não sei mais o quê... mas eu aguentei-me à bronca! De vez em quando tinha de estar ao colo - queria ver tudo! Lá ouvimos os comentários da ordem Tadinha da criança, nestas andanças... (já cá faltavam...), Professora não vais ser, de certeza... ao que a mamã respondia, Não, que a mãe não deixa!! e outras conversas de circunstância. Percebi que as pessoas estão descontentes, que a mamã e a Mimi têm uma profissão tramada e muito pouco valorizada. Eu queria dizer à senhora sinistra que a mamã tem pouco tempo para mim, mas não a encontrei por lá, o que foi pena.
Bem, acabamos por fazer batota e saímos do barulho para atalhar por becos e vielas e ir dar directamente ao Rossio. Aí sim, largueza e condições para nos pormos em marcha, masfoi nessa altura que adormeci. Abreviando, o caminho entre o Rossio e o Marquês foi feito a dormir!! No meio daquele barulho, palavras de ordem, etc e tal, a vossa amiga... dormiu!! E que bem me soube! Entretanto já era noite cerrada. Acordei já a chegar a Picoas, depois de deixar a manifestação para trás. Fomos a uma pastelaria beber alguma coisa e fazer tempo para jantar por ali mesmo. Comi muito bem pernil com arroz e a frutinha. Claro que fiz as delícias dos clientes/empregados do restaurante. Tinha dormido uma grande sesta, estava alimentada, queria era festa!! Desde invadir a cozinha até tentativas de diálogo com um tursta inglês que estava encantado comigo, não houve nada que não acontecesse. Sai de lá a distribuir sorrisos, simpatia e a dizer adeus à esquerda e à direita. Sabem, estive sempre com a mamã debaixo de olho... que babada!!! Ai, a minha mãe é tão vaidosa! Adora ver estas reacções dos outros relativamente a mim, fica mesmo derretida. Ando cá a pensar... Será muito mau oferecer-lhe um mega-hiper-super babete no Natal? Acho que precisa... Tem é de ser com as cores da moda, para condizer com o resto da roupinha dela.
E, para não variar, estou a esticar-me. Não consigo escrever pouco, caramba! Para concluir, tenho de dizer que este foi um dia para mais tarde recordar. Sei que me vão contar, mais tarde, daquela vez em que fomos à manifestação que juntou 120 mil professores revoltados contra um sistema de avaliação injusto, penalizador e completamente absurdo. Sei que a mamã não vai esquecer aquele minuto de silêncio de reflexão que calou 120 mil almas com um silêncio ensurdecedor. Sei que ela está, cada vez mais, a pôr em causa a sua vocação e a questionar se valerá a pena continuar..., mas que olha para mim todos os dias e que o meu sorriso devolve-lhe parte do alento perdido a cada dia que passa. E pronto...
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Finalmente, um bocadinho para meter aqui o cantinho na ordem, qu´isto tem andado muito abandonado. Não tenho tempooooooooo!! Espero que, para a semana, a coisa (leia-se testes e mais testes para corrigir) acalme.
Hoje a notícia é que vesti a Laura... de menina!! Dizem vocês... mas a Laura não é uma menina?! Respondo eu... é, mas nunca a visto com tal, ou seja, com vestidinhos ou saias. Eu explico. Pessoalmente adoro calças. É raro vestir saias ou vestidos porque, efectivamente, me sinto mais confortável de calças, mais à vontade, mais tudo! Argumentem como quiserem, para mim nada bate um bom par de calças!Receio que esteja a passar este estigma/mania/preferência - chamem-lhe o que quiserem - para a Laura.
Um dia destes comecei a reparar que, na salinha dela, as meninas usam maioritariamente vestidinhos/saias com collans e tal... tudo muito ameninado, fofinho, delicado, essas coisas todas. Reparei uma vez e passei a reparar sempre para chegar rapidamente à conclusão que, sim, a Laura é a única menina que veste, invariavelmente, calças. Enquanto não andou sempre achei que era a melhor solução em termos de conforto para a própria criança. Gatinhar com saias, enfim... Dar colo a uma menina de saias é tê-la sempre com o rabiosque à mostra que aquilo sobe tudo, mas agora dou por mim a pensar que deveria começar a insistir mais nas saias/vestidos, até para desenvolver nela o gosto por este tipo de vestuário.
Lembro-me que, até uma certa idade, a minha mãe só me vestia calças e que muitas vezes eu era confundida com um rapazinho. Também usava o cabelo curto... Isso começa a acontecer com a Laura. Muitas vezes é confundida com um menino, apesar de até vestir algum cor-de-rosa - não muito, confesso - e usar peças declaradamente femininas, mas as calças deitam tudo a perder...
Hoje usou um vestidinho... e fez sensação. Assim que a vesti ela sentiu a diferença. Mexeu e remexeu no vestido e nas collans e não resisti a colocá-la em frente a um espelho. Só queria que a vissem, a mirar-se e a sorrir toda vaidosa. Aposto que se sentiu particularmente bonita - se tal é possível numa criança de 16 meses e tal. A recepção das educadoras foi de entusiasmo e aprovação. Que linda, parece uma princesa e outros comentários que tais. Realmente, ficou tão linda, mas será que se sentiu confortável como sempre? Parecia uma boneca de porcelana, daquelas que ficam lá nas prateleiras, empoeiradas e com aquele sorriso amarelo... Não é assim que quero a minha menina!
Mas pronto, vou obrigar-me a, de vez em quando, vesti-la assim. Por sistema, nunca! Vivam as calças e o conforto! Dou a mão à palmatória e prometo fazer um esforço; não quero ser acusada de incutir nela os meus gostos pessoais, quero dar-lhe espaço e oportunidade para decidir, a seu tempo, o que prefere. Aguardemos...
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