Refiro-me àqueles gestos repetidos diariamente, mas não de forma mecanizada. Cada vez mais a Laura participa neles, essa é a verdade. Não me refiro às acções diárias de vestir, despir, mudar fralda, alimentar, refiro-me a outras pequenas coisas, quase insignificantes...
A chucha, por exemplo, está associada a comportamentos diários que a Laura tem espontaneamente e por iniciativa prórpria:
- quando acorda e a visto, ela procede à troca das chuchas - tem uma sem corrente com que dorme e outra com corrente que usa durante o dia, em casa. No fraldário onde a troco tenho uma caixinha onde ela própria guarda a chucha da nana, trocando-a pela outra...
- quando lhe lavo a cara, de manhã, com uma esponja e água tépida, faz questão de me dar a chucha da corrente para a passar pela água quente...
- a caminho da escolinha vai de chucha, mas assim que paramos o carro a primeira coisa que faz é dar-ma para eu a guardar na caixinha, acompanhando esse gesto por um sorriso rasgado. Já sabe que só a voltará a ver à hora a que a vou buscar - na escola tem outra para dormir. A chucha fica no carro e quando entra nele, à tarde, para irmos para casa, é a primeira coisa que pede. Acontece isto invariavelmente...
- habituou-se a beber o leitinho com a chucha na mão. Um gole no biberon, uma chupadela na dita. Não há forma de a desabituar disto - quem tem dicas?!
A verdade é que a minha menina está a crescer. Não sei se estes rituais, como eu lhes chamo, são habituais numa criança desta idade - e já não são de agora -, mas não me canso de admirar este entendimento fantástico que a Laura tem das situações e das coisas. O meu sogro diz, com muita graça, que a Laura tem muito tino. Eu acrescentaria que a dona do meu sorriso se saiu melhor que a encomenda - eu e o pai fizemos tudo certinho e nas devidas proporções!
É já, declaradamente, uma das paixões da Laura. Adora! Não me surpreende, é um prazer que está nos genes dos progenitores. Tanto eu como o pai sempre tivemos, desde a adolescência, o hábito da leitura. Eu passava os Verões - como era tímida nessa altura! - em casa, a devorar livros. O pai passava os Verões a guardar cabras, tendo os clássicos da Literatura Portuguesa como companhia. Mundos diferentes, realidades distintas, mas esse prazer em comum desde cedo.
Os livros são a única coisa que fazem a Laura parar. Se a quisermos ao nosso colo, quieta, atenta, sossegada, só com um livro na mão. Fica centrada nas imagens e nas palavras e toda ela é atenção. Olha para nós e absorve tudo o que dizemos. Folheia, aponta, diz as palavras na perfeição, repete, fixa... Impressiona a capacidade de processamento de toda a informação. Estou mesmo convencida que o facto de já ter um leque vocabular tão dilatado para a idade - que tem! - se deve à nossa insistência com os livros e ao gosto declarado que ela tem por eles.
Regra geral não lhe compro brinquedos. As minhas suspresas para a Laura são, essencialmente, livros. É uma delícia vê-la seleccionar este ou aquele, puxar-nos para o sofá, pedir colo, instalar-se confortavelmente e entrar naquele mundo de cores, formas, palavras e texturas. Fico feliz por sentir que a minha filha gosta de aprender e de conhecer - é um bom prenúncio para o que aí vem!!
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A Laura está terrívelllllllllllllllll - leia-se eléctrica, irrequieta, desenvolta, traquina, manhosa, esperta... Socorro! É a coisa mais doce do mundo, mas cansa-nos de uma maneira!! É vê-la, o dia inteiro, a galgar esta sala, cozinha e corredor para trás e para a frente, para a frente e para trás, empurrando cadeiras e mesas, fogões e carrinho de bonecas. Tudo o que possa ser mudado de lugar... é para mudar.
Agora também começou na desobediência descarada. Estão a ver aquelas coisas que eles aprendem enquanto um diabo esfrega o olho e às quais acham imensa graça?! Pois... Cá em casa isso significa:
- ligar e desligar o raio do leitor de DVD - não tenho onde pôr o bicho a não ser ali, bem ao seu alcance;
- mexer no temporizador da sala que está ligado ao nosso sistema de aquecimento, entretanto bloqueado com pufs que apenas atrasam a traquinice - desregular aquilo pode significar consumir electricidade durante as horas em que o consumo é mais caro;
- ligar e desligar a nova vassoura eléctrica - maravilhosa, linda, útil... e a minha coisa fofa tinha logo de topar como funciona! Rsrrsrsrsrsrsr;
- tirar o lixo do caixote da reciclagem, que tem três compartimentos - é vê-la, se nos descuidamos, com os pacotes de leite a pingar a cozinha toda;
- agora a nova fixação, para além do Jesu - que continua! -, é arrastar os nossos sapatos - leia-se as minhas botas castanhas de cano alto! - pela casa fora. Um dia destes calcei-as de manhã e senti qualquer coisa lá dentro, mas como estava com pressa nem vi e aquilo passou-me. No outro dia de manhã voltei a sentir o incómodo e vi... Lá dentro estava, enroladinho, um toalhete da Dodot...
- tudo o que sejam cremes, fraldas ou toalhetes não podem ser deixados ao seu alcance, sob pena de serem literalmente esfrangalhados;
- subir para cima do sofá e ficar lá em pé, em equilíbrio - um dia destes vem parar cá a baixo!
- tentativas, umas vezes falhadas, outras bem sucedidas, de se empoleirar em tudo o que sugira remotamente essa possibilidade - pufs, fogão de brincar, mesa dela, cadeiras...o diabo!
- ... e a lista poderia continuar...!
O que chateia é que ela faz isto tudo sabendo perfeitamente que o não deve fazer. O que chateia é que ela olha deliberada e insistentemente para nós enquanto o faz. O que chateia é que nem umas palmadinhas no rabiosque ou nas mãos a demovem. Mas o que chateia mesmoooooo é o ar de traquinas, o sorriso maroto, a fuga providencial na hora certa, o sentido de oportunidade que nos encanta e amolece na hora H. Impossível não achar graça. Impossível não sentir até um certo orgulho latente, ainda que bem disfarçado perante ela - tem de ser! - na desenvoltura, na esperteza, na manha e, porque não, na inteligência da gaiata!
E andamos nisto...
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... e assim se passaram as festas e se iniciou um novo ano, com muita alegria e calor humano à mistura, como se quer e deseja.
Venho dar-vos conta de uma nova mania - enfim, à falta de melhor designação - da dona do meu sorriso. Como disse num post pré-natalício , instaurou-se por aqui a tradição de dar a beijar; à Laura, o menino Jesus, o José e a Maria do nosso presépio, todos os dias, até ao dia de reis. Tudo muito bem. Ela engraçou com as imagens e frequentemente era ela que pedia para as ver/beijar. De um dia para o outro começou a dizer Jesu. Certo, bonito, ficámos admirados, mas cheios de orgulho, mais uma palavra! Jesu para aqui, Jesu para ali, o certo é que começou a associar a palavra não só à imagem de Jesus, mas a tudo o que é anjinho, santinho, imagem da Nossa Senhora, sei lá! E aí começou a mania! Onde quer que fosse era vê-la literalmente de nariz no ar e olhar atento à procura do Jesu. E a alegria quando via um?! Imediatamente nos arrastava e nos obrigava a levá-la até ele! Jesu, Jesu, Jesu! É que ela detectava Jesus(es) onde nem nós dávamos por eles! Esta fixação culminou com a ida, no Ano Novo, à casa dos avós paternos, autêntico santuário de imagens religiosas ostentadas um pouco por todo o lado. Basta dizer que no nosso quarto, por cima da cama, há um poster enorme - poster, sim! - de Jesus, ladeado por outras duas imagens de dimensões menores. Claro que isto foi a cereja no topo do bolo na nova mania da Laura! Cada vez que acordava lá apontava para a parede e dizia Jesu! Era também esta a última palavra que dizia antes de adormercer... Claro que o presépio da avó fez as suas delícias e não tem conta as vezes que transportou as ovelhinhas e o pastor de um lado para o outro, já que o resto estava junto, num bloco só, para seu desalento!
Entretanto, o nosso presépio saiu da lareira, mas continua bem visível, dentro do móvel da sala. No quarto, a Laura tem dois anjinhos e faço questão que ela os veja e repare neles todos os dias. Não é que esta fixação por Jesu seja uma coisa a alimentar nesta idade - ela não tem noção sequer de quem foi ou o que representa -, mas não me desagrada a ideia da minha filha preferir a imagem de Jesus à do Pai Natal - de quem não gostou e devido a quem chorou baba e ranho, na única tentativa que fizemos de interacção entre ambos numa qualquer superfície comercial...
Fotografia do nosso Jesu...
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A todos quanto por aqui passam, deixando ou nâo vestígios da sua presença, um excelente ano de 2009, pleno de realizaçôes pessoais, harmonia familiar, saúde e muitos sorrisos.
Sandra e Laura
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