Para imaginar a cena...
Aluno chama professora.
Professora dirige-se a aluno.
Aluno mostra um dossier de lombada larga - uma das argolas está ligeiramente torta, o que impossibilita a sua abertura - e pede ajuda à professora para resolver o problema.
Professora-armada-em-carapau-de-corrida faz-se valer da sua super-sónica-e-extraordinária-força - quando aquilo era só uma questão de jeito! - e... caput... desencravou, mas partiu o sistema das argolas.
Aluno olha incrédulo e assustado - provavelmente com o poderio da força - para a professora . Abre e fecha repetidamente o dossier para comprovar que, efectivamente, partiu.
Professora certifica-se que o estrago foi definitivo e lamenta-se da sua super-sónica-e-extraordinária-força, prontificando-se a substituir o dossier perdido.
Aluno questiona - como vai levar o dossier com as argolas abertas sem que a resma de folhas que o enche saia disparada e desorganizada de dentro do dito cujo?
Professora responde Pois, boa pergunta... com muito cuidado!! e disfarça, reforçando a disponibilidade para comprar um novo, aliás, ia tratar disso no próximo intervalo na papelaria da escola.
Entretanto, os restantes alunos assistem divertidos à cena, tecendo comentários sobre a super-sónica-e-extraordinária-força da professora - ficaram muito impressionados! - e dando sugestões ao colega lesado sobre as diferentes formas de levar o dossier para casa de forma adequada.
Depois, a parte chata - a aula começou!!!
:o)))
De um dia para o outro a Laura começou a piscar muito os olhitos. Não é sempre - mais ao fim da tarde e à noite -, mas custa muito vê-la fazer aquilo. No infantário estão atentas e vão-me relatando aquilo de que se apercebem. Quando lhe perguntamos responde invariavelmente que é o João Pestana... Até pode ser sono, mas ela não alterou os seus hábitos a esse nível e continua a dormir bem e as horas suficientes...
A verdade é que tudo o que tenha a ver com a (falta de) visão me assusta particularmente. Eu sou pitosga crónica, o meu irmão também - herança pouco simpática da minha mãe - e a perspectiva da Laura começar, desde já, a ter problemas é terrível. Tenho perfeita noção que o mais provável é ela ter herdado a minha pitosguice, estou mais que preparada para isso, mas já e desta forma?! Outra possibilidade que me atormenta é que seja um tique nervoso... Ai!
Por acusa das dúvidas, quinta-feira vamos a uma consulta de oftalmologia. Prevenir para não ter de remediar, é o melhor dos lemas. Vamos já ver o que se passa...
:o)))
Era inevitável e sabido que aconteceria mais cedo ou mais tarde. A questão era mesmo saber quando, onde e com quê.
Sábado:
. Laura quer fazer um desenho.
. Mãe dá uma folha a Laura e dois lápis de cera.
. Pai entretém Laura enquanto a mãe trabalha no portátil.
. Laura sai da sala uns segundos.
. Mãe está sossegada porque o pai está em vigilância mode.
. Mãe ouve som estranho e alerta pai.
. Pai vai ao local do crime - uma parede branca do corredor profanada com lápis de cera cor-de-laranja.
. Laura ri-se e foge.
. Mãe vai ver os estragos e ralha com o pai e com a Laura.
. Pai desculpa-se - homens!!!! -, Laura encolhe-se.
. Mãe confisca o lápis de cera cor-de-larenja e pergunta pelo outro.
. Após várias buscas é oficial - o lápis de cera azul está desaparecido em combate...
E o pior é que, até à hora de publicação deste post, o raio do lápis não apareceu. Um dia destes vou dar com uma parede azulinha, ai vou, vou! Bolas para isto!!
Já agora... conhecem alguma mezinha para tirar lápis de cera da parede?!!! A gerência agradece!!!
:o)))
A Laura é, como já se sabe, uma menina pacata e calma. As birras são esporádicas e perfeitamente toleráveis, mas há uma situação em que a moça perde as estribeiras - para além da história dos sapatos - e deixa antever uma faceta pouco conhecida porque só revelada naquele contexto. Eu explico - curiosas, pá!
A sala dela tem uma parede envidraçada de alto a baixo que deixa ver tudo lá para dentro e vice-versa. Quando entramos na instituição passamos por essa janela, pelo que as crianças sabem sempre quem está a chegar. Temos de dar uma volta para entrar na sala, mas por ali todos nos vêem passar.
É comum, quando algum pai/mãe está a chegar e passa ali, o filho correr para a janela e começar uma micro algazarra de contentamento e satisfação. É comum esta criança ser acompanhada nesta micro algazarra por outras que se lhe juntam e cumprimentam, acenam e mandam beijinhos ao pai/mãe que está a chegar, seja ele de quem for. E é muito comum a Laura ficar muito aborrecida com essas manifestações de apreço das outras crianças em relação à sua mãe e começar a empurrar à esquerda e à direita e a gritar alto e bom som A minha Mãe! A minha Mãe! Sim, Laura que ali ninguém sabe que eu sou a tua mãe e é fundamental que o bairro todo tenha conhecimento desse facto. Um dia destes empurrou uma menina com tal violência que ela caiu e começou a choramingar, tudo porque a criança correspondeu ao meu aceno e ao meu olá do lado de lá!
Isto acontece desde que ela começou praticamente a falar. Diz que a mãe é dela como que a marcar território e a dizer Não invadir! Não gosta que pegue nos outros meninos, lhes faça festas ou sequer lhes diga olá. Ainda por cima, eu sou tão dada a essas manifestações de carinho com todos!
Alguém diga à miúda que o facto de ser carinhosa com outros meninos não diminui em nada o amor que lhe tenho e que não passo a ser mãe de todos! Eu já não sei como fazê-la entender isto...!
:o)))
... quando lhe perguntam o que a mãe faz, a resposta sai prontinha:
- Pofessora!!
E se puxam por ela, desenvolve:
- Ensina aos meninos grandes as letras, a ler, a escrever e os números!
Ainda não lhe expliquei que a mamã se fica pelas letras e que os números não são o seu forte, nem lhe contei o quanto fiquei feliz, um dia destes, quando descobri que ainda me lembro de como se fazem as contas de dividir à moda antiga! Adiante...
De manhã pergunta-me sempre se vou para a escolinha dos meninos grandes... Quando a vou buscar pergunta se venho da escola dos grandes e onde fica... Agora parece lidar bem com a situação, mas quando inicialmente lhe expliquei que a mamã trabalhava numa escola com muitos meninos grandes e que lhes ensinava muitas coisas, ficava enciumada e não me queria deixar ir.
Agora, minha querida Laura, um recadinho só para ti - não vais seguir as pisadas da mamã nem que a vaquinha tussa e os porquinhos comecem a voar, ok?! Não comeces com ideias da carochinha...
:o)))
Saibam os que me lêem que a minha filha tem uma sanita de eleição na casa de banho lá da escola. Ah pois é, que o rabiosque dela é selectivo. Descobri isso no outro dia quando a levei lá à casa de banho - estávamos a chegar. Sentei-a numa perto da porta. A educadora estava lá e estranhou que ela não reclamasse. Ao que consta, a Laura faz sempre as suas necessidades na mesma sanita, aquela que fica ao fundo, a mais discreta e escondida de todas. Disse-me ainda que acham muita graça a essa fixação da Laura e que mais nenhuma das crianças é "fiel" a uma sanita...
Ok... há coisa piores a que ser fiel, pensei eu... ou talvez não haja... Eehehheeh
:o)))