Pergunta complicada esta, não? Adivinhem quem a fez... Pois! A propósito do comportamento dela que tem deixado muito a desejar ultimamente - fica prometido um post a propósito para breve -, hoje o pai saiu-se com aquela de que "Jesus está a ver-te e a analisar o teu comportamento e só terás prendas no Natal se te portares bem... blá... blá... blá..." O que ele foi dizer! "Jesus vê-nos?", " Onde está ele?", " Nunca o vi!" Aí entrei eu tentando explicar que Jesus não se vê, mas que, se acreditarmos que ele existe, está sempre presente, em espírito. O que fui eu dizer! "O que é o espírito, é o mesmo que fantasma?" Bem, só me lembrei de dar o exemplo de coisas que não podemos ver, mas que sentimos e sabemos que existem porque há reações no nosso corpo que o indicam e provam como o vento. O vento não tem uma presença física, não se vê, mas nós sentimos o seu efeito na natureza, sentimo-lo em nós, ouvimos o barulho que faz, vemos os estragos que pode provocar, mas não podemos vê-lo. Blá... blá... blá... Acabámos a explicar que era tudo uma questão de acreditar. Se acreditamos em Jesus acreditamos que vive ao nosso lado, comunga dos nossos dias e está presente nas nossas vidas como está o vento - sem o vermos, sabemos que está lá. Ficou a pensar em tudo e parece ter compreendido, mas eu fiquei a pensar nisto - como será a primeira abordagem da temática em termos de catequese? Alguém pode dar aqui um testemunho nesse sentido? Como se explica isto a crianças de 6 anos? Já agora, esclareçam-me... Grata!
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A Laura ultimamente tem usado um argumento que utiliza, muito corretamente, no contexto que lhe interessa. Eu escrevi um? Não... pensando melhor são dois! Aos 5 anos descobriu que o "só" e o "já" lhe servem perfeitamente quando as suas atitudes/comportamentos são questionados por alguma razão. Assim, temos a versão "Só tenho 5 anos" e a versão "Já tenho 5 anos", seja para justificar alguma coisa menos correta que tenha feito, seja para reinvidicar algo que os adultos achem precoce para a sua idade. Garanto-vos, a safadinha tem mais manha e poder de retórica com 5 anos que eu tinha com 15!
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A Laura está a gostar muito da nova escola e da nova dinâmica/rotina. Tudo tem decorrido sem stresses ou contratempos. Como acaba por encontrar a prima no recreio, ao almoço e na sala para onde vão os meninos que têm prolongamento do horário, está encantada porque acabam por brincar muito juntas. Eu chego a ter receio que o facto de ter ali a prima a afaste das outras crianças da sala, mas acredito que com o tempo ela vai ganhar mais confiança para começar a brincar com outros meninos fora da sala de aula. Reencontrou uma amiguinha da antiga escola que saiu o ano passado e com a qual se dava muito bem e agora esta menina junta-se a ela e à Mariana nos momentos de brincadeira que já referi.
Um dos meus receios, o lanche, também está a correr bem - leva a lancheira diariamente com uma peça de fruta (banana, maçã ou pêra), um iogurte dos que não necessitam de frigorífico, metade de uma sandes de chourição e, até agora, tem vindo com a lancheira sozinha. Linda menina!
E pronto, é isto, neste momento sou uma mãe alíviada.
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Correu muito bem a ambas o nosso regresso à escola, ela como aluna, eu como professora.
A Laura gostou muito da sala, da professora, da auxiliar e dos novos colegas, apesar de ter dito que brincou mais com uma menina em particular. Quando lá chegámos encantou-se com o cantinho das meninas - cama com bonecas, armário com roupinhas para as ditas, fogão, armário com panelas, pratos e outras coisas que tais, um cesto com frutas em cima de uma mesa com quatro cadeirinhas, tudo muito bonito, um miminho. É "gaja" dos pés à cabeça, esta minha filha! Deixa-a sem problemas, depois de ter entregue os dois sacos com o material pedido à educadora, de ter trocado com ela meia dúzia de palavras e de ter feito um pouco de sala durante 10 minutos, enquanto a Laura se ambientava. 5 estrelas! A tia e a avó foram buscá-la às 12h e o resto do dia foi passado em casa, na brincadeira com a prima Mariana que, como ela, também parece ter gostado muito da sua nova escola. O meu sobrinho Diogo também está bem encaminhado - vai ter direito a uma auxiliar e a um professor do ensino especial só para ele e está tudo organizado de modo a que continue a ter, na escola, a fisioterapia e o acompanhamento que tinha em casa. Vai tudo correr bem para os meus três meninos, tenho a certeza.
O dia também me correu bem. Cheguei à conclusão que o que me faltava mesmo era o contacto com os miúdos, o regresso à sala de aula e àquilo que realmente gosto de fazer. São eles a minha motivação e é por eles que ainda consigo ter prazer naquilo que faço, independentemente do resto... Saí da escola revigorada e contente por estar de regresso.
E agora, fim-de-semana!
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Escola nova para ela. Acho que está entusiasmada, fruto daquilo que lhe vamos dizendo e da confiança que lhe transmitimos de que vai gostar muito. Amanhã, às 9h, vou levá-la. Levamos connosco 3 sacos cheios de material, muita expetativa e alguma ansiedade. Os miúdos só ficarão até às 12h neste primeiro dia. Como inicío as aulas amanhã e saio às 13.25h, a avó ou a tia - os meus sobrinhos estão na sala ao lado, como já referi - farão o favor de a ir buscar.
Eu também inicío as aulas amanhã, mas do outro lado da trincheira, por assim dizer. Levo comigo aquele friozinho na barriga que sempre me assalta neste dia, independentemente da experiência de 17 anos de ensino. Este ano sinto-me sem grande vontade, confesso, fruto da conjuntura atual e das opções políticas que comprometem cada vez mais o ensino público. Na nossa sala de professores não se ouvem as gargalhadas do costume, os sorrisos são tímidos, as conversas giram em torno das ausências incontornáveis que se fazem sentir a cada instante. Só neste agrupamento "desaparecem" 35 professores... O desânimo é geral. Situações destas são o pão nosso de cada dia, infelizmente. Carlinha, que a Mi te inspire e motive nos momentos de maior desânimo. Raistapartisse!
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Enquanto anda de bicicleta, de boca fechada e lábios cerrados:
- Por que é que não abres a boca quando andas de bicicleta?
- Porque me desconcentro e caio!
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É oficial - a Laura irá integrar a turma da sala 8, composta por 25 meninos, do Centro Escolar cá do burgo. Hoje de manhã fui a pé - 5 minutinhos - e essa proximidade sabe muito bem, aliás, esse foi o principal argumento que presidiu à decisão de a retirar da IPSS que frequentava e que ficava numa localidade vizinha. Como é neste Centro Escolar que frequentará o 1º ciclo, fazia sentido a mudança aos 5 anos.
Sem entrar em pormenores, posso dizer que não vim desanimada da primeira reunião com os Encarregados de Educação. A educadora parece-me uma pessoa experiente e descomplicada. A receção aos pais foi bem organizada e, depois de uma reunião geral levada a cabo no ginásio da escola, pudemos ir à nossa sala para uma conversa mais particular com a educadora e a auxiliar. Depois foram-nos mostradas as instalações - e que instalações! Essa parte agradou-me particularmente, confesso. Menos agradável é mesmo tudo o que diz respeito àquilo a que se chama prolongamento horário - 8h/9h da manhã e 15/18h à tarde. Nestas horas, as crianças ficarão entregues apenas às auxiliares e partilharão um espaço comum que, apesar de bem equipado, torna-se exíguo para tanta miudagem. Como é óbvio, a Laura terá de passar por aqui, ainda que eu pretenda fazer os possíveis para a manter o menos tempo possível na escola, coisa que já fazia, aliás. Se entrar mais tarde, levá-la-ei mais tarde, quando sair vou buscá-la imediatamente. Sempre assim foi, assim continuará a ser. A esse propósito, alguém na reunião mais alargada disse uma coisa que me ficou cá e com a qual concordo plenamente - As crianças são vossas, não são da escola, isto à laia de recado para os muitos pais que fazem da escola um autêntico depósito e que consideram que é obrigação da instituição cuidar das suas crianças 10 horas apenas porque são pagas para isso...
De resto, há outras situações novas que causam alguma estranheza como sejam ter de levar lanche e ter trazido comigo uma lista imensa de material escolar para comprar, desde canetas e lápis de cor a resmas de papel, passando por cartolinas, dossiê, cadernos, estojo com lápis, borracha e afia e, imagine-se, três pacotes de bolachas por trimestre. O que foi explicado é que a verba que o ministério dá para materiais não chega para praticamente nada e ali são 9 salas de ensino pré-escolar, para além do 1º ciclo... Para além disso, foi solicitado aos Encarregados de Educação um donativo mensal de 5 euros que servirá para aquisição de outro tipo de material de que a escola necessite. É o estado da nossa nação em todo o seu esplendor...
A Laura está perfeitamente ciente desta mudança, das razões que levaram a ela e parece ter encaixado tudo muito bem. Hoje não foi comigo, mas demonstrou muita curiosidade em saber tudo. Por opção nossa, tem estado em casa comigo ou com os avós, quando o trabalho não me permite levá-la comigo. Achámos que seria confuso para ela retomar a escolinha antiga e os amiguinhos para depois ter uma mudança tão drástica de um dia para o outro. Independentemente disso, já fomos duas vezes à antiga escola e ela pôde rever os amiguinhos. Tenho pena que deixe este grupo - é a única que sai -, mas parece-me que foi a melhor opção.
Falta só acrescentar que na sala imediatamente ao lado - sala 7 - estarão os priminhos Mariana e Diogo. O meu sobrinho conseguiu, finalmente, que uma instituição pública o aceitasse com todos as condicionantes que a situação dele exige. Como criança integrada no Ensino Especial, está numa turma de 20 meninos, entre os quais a mana de 5 anos. Terá um acompanhamento diferenciado e continuará a usufruir das fisioterapias e terapias que tinha em casa, mas na escola. Espero que tudo corra bem também com ele.
E é isto. Dia 14 é o primeiro dia de aulas. Até lá há que "aturar" uma Laura em pulgas para conhecer a nova escola, os novos colegas e a nova professora. Está quase!
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... vou à primeira reunião de Encarregados de Educação do Centro Escolar onde matriculámos a Laura. Mau prenúncio é ter sido convocada por uma carta que recebi... hoje. A reunião é amanhã às 9 horas... Aguardemos.
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Hoje regressei à escola. Fui à secretaria tratar do retorno ao serviço - não sei se cheguei a dar conta da situação aqui no blog, mas acabei por ser reconduzida na mesma escola com horário completo, apesar de ter concorrido. Saí da secretaria com o coração partido - muitos colegas estavam lá para tratar da documentação que lhes permite pedir o subsídio de desemprego. Já na sala de professores, as conversas levaram, invariavelmente, aos ausentes, aos colegas que deram provas de competência extrema, zelo e dedicação ao trabalho e que agora se encontram no desemprego ou recolocados noutras escolas sem que isso tivesse sido uma opção sua. (Ana Luísa, sei que me lês... Beijo do tamanho do mundo!!) E depois há casos destes a acontecer um pouco por todo o lado. Hoje regressei à escola e não me apetece ter de voltar amanhã...
Acho que chegámos ao fundo do poço. É impossível haver profissão que seja mais desrespeitada e ultrajada. Sinto-me humilhada como nunca me senti relativamente a nada. Nem imagino como se sentirão os milhares que hoje não vão assinar o documento do retorno ao serviço, mas que farão fila nos centro de emprego. Bolas!
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