Aproveitámos o fim-de-semana prolongado e os últimos dias quentes para ir até Loriga visitar os avós paternos. Já cá tenho falado desse local mágico, que dista certa de 18 quilómetros de Seia e 15 da Lagoa Comprida e que fica mesmo no coração da Serra da Estrela. De Verão como de Inverno, apetece sempre dar uma escapadinha até lá...
Para sábado, pensou-se numa passeata. Foram contactadas as pessoas interessadas por e-mail - Nádia, querida organista, correu tão bem! - foi convocado o nosso guia preferido João R., conhecedor apaixonado de tudo o que diga respeito a caminhos, trilhos, percursos pedrestes e pronto.... impunha-se uma caminhada!
O percurso escolhido foi Loriga - Cabeça, uma localidade que fica a cerca de 10 quilómetros de Loriga por estrada alcatroada. Por portas travessas, demorámos cerca de 3 horas. Saímos às 9, chegámos às 12h. Digo-vos... Um passeio de sonho! A Laura ficou entregue ao pai e juntei-me entusiasticamente a um grupo de seis e um canídeo - Mimoso, já te disse que és o meu novo herói?!
O tempo esteve fantástico, só começou a aquecer na recta final. Para quem conhece, aqui ficam alguns locais de passagem:
. estação de tratamento (Avenal) com visita ao Poço Forte;
. as Duas Pontes, local onde se juntam as duas ribeiras que circundam Loriga e que é rodeado de quintas e palheiras;
. o Outeiro de Domingodiz, com visita ao Poço do João Freire;
. o Serapitel, com as suas palheiras de xisto desabitadas e as bananeiras que, inesperadamente, as circundam. Aqui também visitámos o Poço da Broca;
. percurso, pela levada, até à Cabeça.
Os Poços são locais fantásticos, hoje escondidos pela vegetação, que autrora fizeram as delícias de miúdos e graúdos - era lá que se banhavam e muitos aprendiam a nadar, às escondidas dos mais velhos. Eu vou a Loriga desde 1991 e não cheguei a frequentar nenhum deles, mas conhecia as histórias e as aventuras...
A passeata fez-se por bom caminho - só houve lá uma zona de subida mais complicada e que me valeu um arranhão no pé esquerdo, nada de muito grave. Se não perdi a respiração devido ao esforço, perdi-a várias vezes por causa da paisagem... Maravilha! Dir-se-ia que deixámos o mundo, tal como o conhecemos, para trás e entrámos noutro em estado virgem, puro, protegido das mãos selváticas e destruidoras do Homem. A paisagem é surpreendente porque reveladora de uma nova abordagem do que é a Serra da Estrela tal como a conheço. A parte final foi feita ao longo da levada - canais de água feitos pelo homem e que facilitam o acesso à rega e a utilização de moinhos. Deixaria as fotos que colocarei noutro post falarem por si...
De resto, a companhia foi excelente e a conversa óptima e divertida. Esta gente, Loriguense de gema, sempre me fez sentir uma deles e a verdade é que, como já me disseram, sou mais da terra que muitos naturais que saem e lhe voltam as costas. Loriga é mesmo a terra do meu coração e fico muito feliz quando penso que a Laura tem a sorte de ter este cantinho sempre à sua disposição. Vai ser, certamente, uma criança mais feliz e respeitadora da natureza.
Uma nota de apreço à querida Nádia pela feliz ideia e ao fantástico João R. pelo percurso escolhido. Quanto ao canídeo Mimoso, digo apenas que insistiu em acompanhar sempre o dono - João R. -, apesar deste e de todos insistirmos para que se fosse embora e voltasse para trás. Nada disso, acompanhou-nos estoicamente e no final, para não ter de fazer o percurso inverso a pé, regressou connosco na carrinha que nos foi buscar à Cabeça e... vomitou, como já tinha faticinado o João. Daí a insistência para que não nos acompanhasse, é que o Mimoso enjoa sempre que anda de carro...
:o))))