A Laura é, como já se sabe, uma menina pacata e calma. As birras são esporádicas e perfeitamente toleráveis, mas há uma situação em que a moça perde as estribeiras - para além da história dos sapatos - e deixa antever uma faceta pouco conhecida porque só revelada naquele contexto. Eu explico - curiosas, pá!
A sala dela tem uma parede envidraçada de alto a baixo que deixa ver tudo lá para dentro e vice-versa. Quando entramos na instituição passamos por essa janela, pelo que as crianças sabem sempre quem está a chegar. Temos de dar uma volta para entrar na sala, mas por ali todos nos vêem passar.
É comum, quando algum pai/mãe está a chegar e passa ali, o filho correr para a janela e começar uma micro algazarra de contentamento e satisfação. É comum esta criança ser acompanhada nesta micro algazarra por outras que se lhe juntam e cumprimentam, acenam e mandam beijinhos ao pai/mãe que está a chegar, seja ele de quem for. E é muito comum a Laura ficar muito aborrecida com essas manifestações de apreço das outras crianças em relação à sua mãe e começar a empurrar à esquerda e à direita e a gritar alto e bom som A minha Mãe! A minha Mãe! Sim, Laura que ali ninguém sabe que eu sou a tua mãe e é fundamental que o bairro todo tenha conhecimento desse facto. Um dia destes empurrou uma menina com tal violência que ela caiu e começou a choramingar, tudo porque a criança correspondeu ao meu aceno e ao meu olá do lado de lá!
Isto acontece desde que ela começou praticamente a falar. Diz que a mãe é dela como que a marcar território e a dizer Não invadir! Não gosta que pegue nos outros meninos, lhes faça festas ou sequer lhes diga olá. Ainda por cima, eu sou tão dada a essas manifestações de carinho com todos!
Alguém diga à miúda que o facto de ser carinhosa com outros meninos não diminui em nada o amor que lhe tenho e que não passo a ser mãe de todos! Eu já não sei como fazê-la entender isto...!
:o)))